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Público, Sérgio C. Andrade, 09.10.18 Se há um arquitecto que modelou a face do Porto no início do século passado, em particular a Baixa e as zonas de expansão da cidade após o rasgar da Avenida dos Aliados, ele é José Marques da Silva (1869-1947). Associamos a sua assinatura ao desenho da Estação de S. Bento e do Teatro São João, das sedes da seguradora A Nacional e do banco Pinto Leite, nos Aliados, dos edifícios dos Armazéns Nascimento e Conde de Vizela, entre as ruas de Santa Catarina e das Carmelitas.
Mas menos conhecido é que lhe coube também projectar os liceus
Alexandre Herculano e Rodrigues de Freitas, o bairro operárioO Comércio
do Porto, na Constituição, e a Casa de Serralves ou, menos ainda,
monumentos, igrejas e jazigos de famílias nos cemitérios da Lapa e de
Agramonte.
O arquitecto e professor André Tavares compara a importância da obra de
Marques da Silva no Porto nesta época com a que Nicolau Nasoni fez no
período barroco. "Ele foi o protagonista da transformação da cidade, ao
lado de Correia da Silva (1880-?), o arquitecto do Mercado do Bolhão e
dos novos Paços do Concelho), e de Oliveira Ferreira (1884-1957), autor
do edifício dos Fenianos do Porto e dos Paços do Concelho de Vila Nova
de Gaia, por exemplo)", diz. E acrescenta que a intervenção de Marques
da Silva na cidade vai bastante além das dezenas de obras que aqui
projectou, prolongando-se também na arquitectura de muitos dos seus
alunos na Escola de Belas-Artes (de que foi inclusivamente director em
dois períodos, entre 1913-1929).
André Tavares, autor do livro Os Fantasmas de Serralves(Dafne Editora,
2007), é o responsável pelos conteúdos do mapa que a Secção Regional do
Norte da Ordem dos Arquitectos (OA/SRN), a Fundação Marques da Silva e
a Câmara Municipal do Porto acabam de lançar dedicado a José Marques da
Silva, que está a ser divulgado com um programa de visitas guiadas que
começou ontem.
O roteiro identifica 24 edifícios dentro do perímetro da cidade, mas a
relevância da arquitectura de Marques da Silva não se esgota no Porto.
"Seria preciso acrescentar-lhe, entre outros, os principais projectos
de Guimarães - o mercado municipal (actualmente em risco de demolição),
o edifício da Sociedade Martins Sarmento e a Igreja da Penha - para
termos uma ideia mais completa sobre a sua obra", diz André Tavares.
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