Público, 05.08.2009, Luísa Pinto
Um ano de vigência de Código de Contratos Públicos (CCP), a percepção de que o acesso equitativo dos arquitectos aos projectos não tem vindo a ser assegurado, mais a certeza de que a crise económica está a ter repercussões de relevo na classe profissional, foram as razões que levaram o Conselho Directivo Regional do Sul da Ordem dos Arquitectos (OASRS) a lançar um Observatório da Encomenda.
Esta estrutura irá permitir o acompanhamento da situação profissional
dos arquitectos e da encomenda de projectos de arquitectura, assim como
denunciar as situações de abuso do recurso aos ajustes directos, por
parte das entidades públicas.
João Costa Ribeiro, que vai ficar responsável por esta estrutura, disse
ao PÚBLICO "que as conclusões só poderão ser retiradas depois de o
observatório estar a funcionar", mas, refere, já há indicadores muito
preocupantes. "A crise económica está a ter muito impacto na classe dos
arquitectos, e, apesar de as leis europeias terem vindo a tentar fechar
a torneira dos ajustes directos, há a tendência dos Governos de criarem
regimes excepcionais."
O responsável dá como exemplos o caso da requalificação do parque
escolar e o projecto para um equipamento de referência como é o centro
cultural Africa.cont. "Acreditamos que já está demonstrado que o
concurso público é a forma mais eficiente de gerir as despesas, e que
ele não põe em causa, em termos financeiros e em termos de prazo, a
execução do investimento", argumentou Costa Ribeiro.
Quanto ao impacto da crise neste sector profissional, o Conselho de
Arquitectos da Europa divulgou este ano os resultados de um inquérito
feito em 32 países, dos quais se destaca que um em cada seis
arquitectos europeus ficou sem trabalho desde Setembro de 2008 e que um
em cada três ateliers sofreu uma redução no número de trabalhadores.
"Em Portugal sabemos que, em Março deste ano, estavam inscritos nos
centros de emprego cerca de mais de 60 por cento de arquitectos do que
em Março de 2008", acrescenta a OASRS.
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