Público, 05.08.2009, Aníbal Rodrigues
Não, desta vez não se trata de algo completamente novo para a Avenida dos Aliados. A candidata independente pelo PS à presidência da Câmara do Porto, Elisa Ferreira, conversou com Siza Vieira e Souto Moura e quer completar o projecto da dupla de arquitectos. "O que proponho é que se complete o que foi começado, porque o que foi feito ficou a meio do caminho", resumiu ontem Elisa Ferreira, durante uma conferência de imprensa dedicada ao espaço público.
Em consequência da conversa com Siza Vieira e Souto Moura, Elisa
Ferreira quer substituir as magnólias por árvores mais frondosas, como
as que existem nos passeios laterais à avenida e que proporcionam mais
sombra. Abaixo das magnólias, "a plantação de mais 15 árvores que
estavam previstas e que ficaram por plantar". "Isto criaria um espaço
de sombra que daria mais conforto." Aliás, se Elisa Ferreira vencer as
próximas eleições autárquicas, não vão faltar árvores no Porto:
"Plantar 1500 árvores por ano é o que temos em mente." De volta à
Avenida dos Aliados, o projecto dos dois arquitectos prevê ainda a
montagem de guarda-sóis e de um palco, nos dois casos amovíveis.
Mas Elisa Ferreira não se limitou à conclusão do projecto e apresentou
propostas de iniciativas para a avenida, em vez do que lá se realizou
durante o último ano e que classificou como "tudo o que há de mais
piroso e mais kitsch". Em vez disso, contrapõe um calendário de feiras
"de qualidade", que podem ser de livros, antiguidades ou de
alfarrabistas. Mas também uma festa das flores que coincidisse com o
início de Junho e com o Serralves em Festa - uma forma de arrancar com
as festas da cidade. A candidata quer ainda a presença de flores em
tabuleiros fora do período da festa e promete estimular a abertura de
cafés e restaurantes com esplanadas à volta da placa central dos
Aliados.
Elisa Ferreira criticou também as obras na via pública que a Câmara do
Porto está a realizar ou efectuou recentemente. "Uma política
eleitoralista" e um "rebuliço de última hora" que, segundo a rival de
Rui Rio, "tem um custo mais alto e fez com que no resto dos anos não
houvesse obra". Uma das intervenções em que mais zurziu foi a das
avenidas do Brasil e de Montevideu, no que foi coadjuvada pelo
arquitecto Manuel Correia Fernandes.
"Há insegurança no atravessamento deste espaço e quem caminha a pé
apercebe-se da falta de qualidade, do desleixo. É uma imagem
'destroçante' da única frente de mar que a cidade tem. Limitaram-se ao
repavimento e o que confere algum conforto é o que existia há muito
tempo. Não há nenhuma mais-valia introduzida recentemente", lamentou
Correia Fernandes. As avenidas de Fernão de Magalhães e da Boavista
foram outras das apontadas. Esta última é de "uma desumanidade
completa" para Correia Fernandes, que lembrou a existência de carris,
estacionamento central "e até separadores como os das auto-estradas".
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