Público, 26.07.2009, Jorge Talixa
A Câmara de Vila Franca de Xira vai instaurara um inquérito para apurar responsabilidades num caso em que as garantias bancárias dadas por um empreiteiro expiraram inexplicavelmente, há cinco anos, não podendo ser agora accionadas pelo município para pagar a reparação dos numerosos problemas deixados na urbanização da Quinta dos Anjos, perto de Castanheira do Ribatejo.
Os moradores, cerca de 30 famílias, não se cansam de apontar
deficiências ao bairro e, na penúltima sessão da assembleia municipal,
foram dez a denunciar a situação. A Quinta dos Anjos começou a ser
habitada em 2005, mas não tem um acesso que permita a entrada de um
carro pesado de bombeiros, de um autocarro ou de um camião do lixo.
Várias casas tinham instalações eléctricas ligadas ao ramal de obra e
pelo menos duas ficaram às escuras em Maio quando a EDP cortou as
ligações ilegais. O buraco destinado à prometida piscina vai agora ser
entulhado porque não há verbas para a fazer e a escavação constitui um
perigo, sobretudo para as crianças. Há ainda falta de espaços verdes e
de arruamentos, de uma bacia de retenção de águas e de vedações que
protejam os habitantes de caixas eléctricas e de poços de elevadores de
obras em curso. Além disso há muito pó no local e um talude de suporte
de terras que representa uma ameaça para os residentes.
O assunto voltou a ser abordado na última sessão camarária, onde a
presidente da autarquia, Maria da Luz Rosinha, admitiu que houve um
erro técnico na apreciação do projecto, que todo o processo começou mal
logo em 1994 e que, por isso, a câmara, assumindo responsabilidades,
vai gastar pelo menos 100 mil euros em obras de arranjos exteriores,
arruamentos e de sustentação do talude, reclamando depois essa verba em
tribunal à empresa promotora, a Beira Negócios.
Ao mesmo tempo, o executivo reconheceu que, ao contrário do que é
habitual, a garantia bancária da urbanização expirou em 2004 e não foi
renovada. Por todos estes problemas, vai propor, na próxima reunião, a
abertura de um inquérito aos serviços de urbanismo. A oposição
vila-franquense é que não percebe todo este imbróglio e sobretudo por
que é que tem que ser agora a câmara a suportar as obras.
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