Público, 15.07.2009
A versão preliminar do novo Plano Regional de Ordenamento do Território da Área Metropolitana de Lisboa (PROTAML) sugere mudanças nas prioridades de investimento público ao nível dos transportes, apostando no modo ferroviário para contrariar o "excessivo" uso do rodoviário.
"A transformação profunda que se propõe no paradigma do transporte de
pessoas e mercadorias (...) implica alterações nas prioridades de
investimento público", refere a primeira versão do documento final da
revisão do plano, aprovada na última reunião da comissão consultiva que
acompanha os trabalhos. O PROTAML abrange a Grande Lisboa e a península
de Setúbal, com uma população de 2,75 milhões de habitantes e uma área
de 2944 quilómetros quadrados.
De acordo com a proposta preliminar, citada pela agência Lusa, "devem
prevalecer (...) os transportes colectivos em sítio próprio, com
primazia para o comboio, o metro, o metro ligeiro ou outros modos
correspondentes, adequados às procuras".
"Foi no domínio dos Transportes e Logística que o PROT 2002 menos
resistiu às transformações estruturais que entretanto se verificaram",
salienta o texto, realçando a "excessiva expansão do uso do transporte
individual" e a "ausência de uma visão e de uma praxis no que concerne
ao sistema de transportes".
"A inexistência de uma entidade metropolitana de transportes e a
incontrolada dispersão das actividades por todo o território (...) são
as duas dimensões maiores do desastre económico, urbanístico e
ambiental", refere o texto. Em relação às dinâmicas territoriais
2002-2009, "as grandes linhas foram antecipadas pelo PROTAML 2002",
sobretudo no que se refere à compactação de algumas áreas urbanas menos
consolidadas e à afirmação de um conjunto de pólos que fortaleceram o
potencial de policentrismo da Área Metropolitana.
A equipa da revisão do plano reconhece que "não foi possível suster, em
várias frentes, tanto na península de Setúbal como na Grande Lisboa, o
processo de fragmentação e dispersão urbanas, não obstante algumas
acções de sucesso por parte das autarquias municipais". "O automóvel
individual, em correlação com o expressivo crescimento das
infra-estruturas rodoviárias, foi o principal suporte deste dinamismo",
conclui.
A proposta nota ainda que, apesar dos esforços conjuntos do Estado
central e das autarquias, "ainda persistem importantes núcleos de
habitats precários ou muito degradados, assim como áreas de habitação
social em processo de declínio".
O documento frisa que as áreas industriais desactivadas têm uma forte
representação na região, "com particular expressão na península de
Setúbal, de Almada a Alcochete e no concelho de Setúbal, entre outros.
O sistema urbano, com os ajustamentos que agora são propostos, "vai
permitir não só uma melhor localização das actividades económicas que o
suportam como a sua distribuição harmoniosa, mitigando as
conflitualidades na ocupação do território", refere.
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