Público, 04.06.2009, Patrícia Carvalho
A futura Praça de Lisboa já não vai ter um restaurante à superfície. Por sugestão do Igespar (Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico), o restaurante que deveria surgir num plano acima da cobertura ondulada, idealizada pelo gabinete do arquitecto Pedro Balonas, já tinha passado para uma cota mais baixa, mas a opção mais recente passa por retirá-lo completamente. O processo já ultrapassou, entretanto, todos os prazos previstos e a Urba-Clérigos não arrisca uma data para a inauguração do espaço.
Na UrbaClérigos ainda se aguarda que a Câmara do Porto aprove o
projecto de arquitectura da praça. O documento, discutido com a
Direcção Regional de Cultura do Norte (em representação do Igespar) foi
sofrendo algumas alterações e foi já, informalmente, aprovado por
aquela entidade. O parecer final ainda não deu entrada na câmara, e sem
ele não é possível a aprovação. "Estão em curso algumas alterações ao
projecto de arquitectura para contemplar as pretensões do Igespar,
sendo que na semana de 15 a 19 de Junho será entregue à câmara um
aditamento a esse projecto, que satisfará plenamente o acordado com
essa entidade", explica ao PÚBLICO José Santa Clara, director de
expansão da empresa Bragaparques que, com a John Neild Associados,
constitui o consórcio UrbaClérigos.
A "alteração significativa" ao projecto é o desaparecimento do
restaurante. "Foi eliminado", acrescenta, em resposta escrita, Santa
Clara. O mesmo responsável adianta que não é ainda certo se a praça
albergará um restaurante no seu interior: "[Isso] decorre do programa
que ainda não estamos em condições de revelar", justifica. O Igespar
nunca se mostrou muito favorável ao volume que o restaurante
representaria no projecto de Balonas, pelo que, depois de se considerar
o seu reposicionamento, optou-se por o fazer desaparecer.
A Praça de Lisboa desenhada no gabinete de Pedro Balonas é uma
estrutura fechada, em vidro e betão, com uma cobertura ondulante. O
trabalho desenvolvido com o Igespar levou a que a ondulação da
estrutura se tornasse menos pronunciada, e que crescesse
substancialmente a área da cobertura que ficará escondida por relva e
árvores. Aquando da apresentação do projecto, em Fevereiro do ano
passado, admitia-se que a nova praça estivesse pronta no prazo de 18
meses. Em Outubro, ainda se acreditava que os trabalhos poderiam
arrancar no início deste ano e, em Março, José Santa Clara assumia um
atraso "de dois meses". Agora, já não quer arriscar novos limites
temporais. "É aparente que existe um atraso superior ao previsto há uns
meses", diz. De momento, a única previsão que faz é a de quando poderão
arrancar as obras. "Pelo andamento do processo, esperamos que se
iniciem dentro dos próximos dois meses", afirma. Depois do arranque dos
trabalhos no local, a UrbaClérigos defende que será necessário um ano
para construir a nova praça, o que, na melhor das hipóteses, significa
que a Praça de Lisboa poderá abrir com um ano de atraso em relação ao
inicialmente previsto.
Neste momento, a grande incógnita que permanece é qual o espaço âncora
que irá substituir a livraria Byblos, dada como praticamente certa no
local, até declarar insolvência e encerrar as portas, em Lisboa, em
Novembro do ano passado. A UrbaClérigos continua sem revelar quem
preencherá o local deixado vago pela livraria e se a reformulação do programa de ocupação afectará os
outros espaços comerciais da praça. A única presença sempre apontada
como uma certeza é o Pólo Zero da Federação Académica do Porto, que
deverá ocupar um espaço no piso zero da estrutura.
|