Público, 01.06.2009, Maria Antónia Zacarias
O centro histórico de Évora vai receber as primeiras dez famílias oriundas dos grandes centros urbanos que indicaram este concelho como a primeira opção para viver. Estes agregados familiares vão mudar-se para a cidade alentejana entre Agosto e Setembro deste ano e fazem parte, com outras 20 famílias, dos três projectos-piloto da iniciativa Novos Povoadores, que também inclui Trás-os-Montes e a zona centro do país.
De acordo com Frederico Lucas, um dos fundadores deste projecto, "todas
estas pessoas buscam a tranquilidade da província, reconhecem o factor
qualidade em valores como o tempo e o ambiente, privilegiam uma vida
mais oxigenada, sem prejuízo de uma postura profissional activa". A
iniciativa visa repovoar o interior do país e introduzir "massa
crítica" nas zonas mais despovoadas.
Os Novos Povoadores também são dinamizados por Alexandre Ferraz e Ana
Linhares, através da empresa Info-excelência, que apresentaram na
sexta-feira, na autarquia eborense, o protocolo que vai ser levado à
próxima reunião pública de câmara e que define as condições e a
estratégia de acolhimento das famílias. "Estas dez famílias que vão
instalar-se em Évora desenvolvem as suas actividades no sector das
tecnologias de comunicações, bem como no trabalho à distância", afirmou
Frederico Lucas.
O projecto, que conta com 260 famílias inscritas, tem 67 que escolheram
Évora como principal destino de construção de uma nova vida. Para o
presidente da câmara, José Ernesto Oliveira, a prioridade da autarquia
para aderir a este projecto é revitalizar o centro histórico. "O facto
de 67 famílias, com cidadãos de idades compreendidas entre os 27 e os
35 anos, manifestarem o desejo de vir morar para Évora é sinal de que a
nossa cidade possui um patamar de qualidade elevado, fazendo com que
todos nós tenhamos de nos empenhar ainda mais para manter este nível e
esta capacidade de atracção", disse o autarca, acrescentando que se
houver um denominador comum a todas estas famílias "será a qualidade de
vida" da cidade alentejana: "Isso honra-nos, por um lado, e
responsabiliza-nos, por outro. Como tal, é preciso preservar a imagem
de marca de Évora."
Apoio na recuperação
O presidente da câmara anunciou também que a Sociedade de Reabilitação
Urbana de Évora identificou um conjunto de fogos habitacionais,
propriedade de privados, "mas que estavam devolutos ou não estavam a
ser ocupados". Depois deste levantamento, a autarquia informou a
empresa promotora do programa Novos Povoadores, que entrou em contacto
com os proprietários dos imóveis, que "decidiram recuperá-los, tendo
para isso alguns recebido o apoio da câmara municipal, através dos
projectos Recria e Rehabita", estando agora no mercado de arrendamento.
José Ernesto Oliveira clarificou, no entanto, que embora a prioridade
do município no campo do povoamento resida no centro histórico, "isto
não quer dizer que as famílias não possam preferir ir viver para as
zonas rurais do concelho": "Se assim o desejaram, serão igualmente
muito bem-vindas."
Os proprietários das habitações não podem ultrapassar determinados
valores de arrendamento, "estando definido que as rendas dos T2 só
podem ir até aos 300 euros e os T3 até aos 400 euros", explicou o
autarca eborense. Estes fogos, esclareceu Ernesto Oliveira, "não são
sociais, nem sequer segundas casas, uma vez que este projecto não visa
oferecer nada a ninguém, mas apenas ser intermediário para auxiliar as
famílias".
a O projecto Novos Povoadores é dirigido a famílias consolidadas, que
garantam a sua auto-sustentabilidade, tendo de cumprir vários
requisitos. Segundo explicou Frederico Lucas, um dos responsáveis pela
iniciativa, um dos elementos do casal tem de possuir emprego, com
possibilidade de transferência ou de trabalho à distância, e o outro
elemento possuir um projecto de empreendedorismo para o novo sítio de
residência, "como forma de contribuir para a dinamização económica e
social, absorvendo mão-de-obra local".
No que toca ao perfil destas famílias, cerca de 40 por cento não têm
filhos, "mas querem usar este processo para iniciar o conceito de
família inglês", que assenta na procriação e procura de uma melhor
qualidade de vida para o casal e, consequentemente, para os seus filhos.
Das 260 famílias até agora inscritas no projecto, aproximadamente 67
por cento são oriundas da zona de Lisboa, quase 30 por cento são da
área do Porto e as restantes de pequenos focos como Setúbal e Coimbra,
adiantou o mesmo responsável pelo projecto dos Novos Povoadores.
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