Público, 01.06.2009, Inês Boaventura
A cervejaria e a fábrica Portugália, na Avenida Almirante Reis, vão ser reabilitadas no âmbito de um projecto já aprovado pela Câmara Municipal de Lisboa, que inclui a demolição das antigas instalações da Central de Cervejas e a construção de um edifício cujo número de pisos oscilará entre os quatro e os sete, mais um recuado.
O projecto de arquitectura, submetido pelo Fundo de Investimento
Imobiliário Fechado Sete Colinas, foi aprovado no fim de 2008,
aguardando-se neste momento a entrega dos projectos de especialidades.
Luís Ramos, administrador de uma das empresas do Grupo A. Silva e Silva
(um dos investidores do fundo), disse que as demolições estão prestes a
começar, mas recusou prestar qualquer informação adicional, por
considerar que não é oportuno.
Junto da Câmara de Lisboa, o PÚBLICO apurou que a intervenção no
chamado quarteirão Portugália inclui a reabilitação, "com as
necessárias adaptações", dos edifícios da fábrica e da cervejaria
Portugália, que constam do Inventário Municipal do Património do Plano
Director Municipal. Já as antigas instalações da Central de Cervejas
("afectas aos respectivos escritórios, adegas e áreas de fabrico"),
também incluídas no inventário, vão ser demolidas atendendo à sua
"obsolescência" e à "complexidade de que se revestiria a adaptação das
estruturas às novas funcionalidades".
Junta nada sabe
No local surgirá um único edifício constituído, segundo a proposta
aprovada em reunião camarária, "pelos volumes edificados da frente da
Almirante Reis e pelo volume contínuo da frente da Rua António Pedro
que torneja para a Rua Pascoal de Melo". O empreendimento terá uma área
de construção de cerca de 30 mil metros quadrados, destinados a
habitação, escritórios e lojas.
O edifício, projectado pelo arquitecto Luís Casal Ribeiro, terá um
número de pisos acima do solo entre quatro e sete, "acrescidos
pontualmente de um piso recuado", e quatro abaixo do solo. No total
haverá 220 fogos, muitos dos quais "de tipologias habitacionais mais
baixas e adaptadas às actuais necessidades", e 542 lugares de
estacionamento.
Numa informação escrita, uma arquitecta da divisão de projectos
particulares da Câmara de Lisboa frisa que o projecto, licenciado em
2006 mas entretanto alvo de alterações, tem como objectivos "a
reconversão e a salvaguarda dos valores arquitectónicos e patrimoniais
presentes no quarteirão da Portugália, a par da introdução de
edificação nova para novas funcionalidades".
O presidente da Junta de Freguesia de São Jorge de Arroios, João
Taveira, disse que "ainda não se deram ao trabalho" de o informar da
operação urbanística que vai arrancar em breve, mas sublinhou que já
tinha alertado para a necessidade de intervir no local, que se tinha
transformado em sítio de pernoita de sem-abrigo. O autarca
congratula-se com a preservação de edifícios que constam do Inventário
Municipal do Património, "dois ícones da freguesia".
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