in Público, 28.05.2009, Tito Couto
Paredes vai acolher a primeira cidade inteligente, construída de raiz na Europa, com uma área próxima dos 17km2. O projecto reúne alguns gigantes das novas tecnologias, como Cisco Systems ou a Living Planit, e tem como objectivo testar um novo paradigma de desenvolvimento.
O projecto era para ser um segredo até à sua apresentação pública, que
deverá acontecer nos primeiros dias de Junho. Mas segredos que implicam
várias empresas e milhões de euros de investimento são difíceis de
manter. O PÚBLICO sabe que a cidade se chamará "Planit Valley" e ficará
instalado numa das zonas mais rurais do concelho de Paredes.
Apesar do secretismo em que tem estado envolto, que ditou mesmo a
assinatura de um contrato de confidencialidade entre as partes, tem
sido libertadas, a conta-gotas, pequenas informações sobre o mesmo.
Ainda esta semana, na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto
(FEUP), durante a conferência sobre gestão empresarial, o CEO da Living
Planit, Steve Lewis, referiu-se à nova cidade inteligente, garantindo
que ficaria situada perto do Porto e que contava trabalhar com os
alunos da FEUP.
Terrenos perto da A4
O mesmo Steve Lewis até havia censurado algumas fugas de informação
efectuadas por outros investidores. A poucos dias da divulgação do
projecto, o que se sabe é que a cidade que nascerá em Paredes visa o
desenvolvimento de um cluster industrial, muito possivelmente ligado ao
sector automóvel, bem como o investimento nas áreas da educação e
cultura.
Os promotores contactados pelo PÚBLICO explicam que se trata de criar
um ambiente propício à pesquisa, à inovação e desenvolvimento de
tecnologias, num mesmo espaço em que estarão representações dos
possíveis clientes. Um dos segredos passará pela auto-sustentabilidade
desta cidade.
A prudência tem sido uma das tónicas deste investimento, que envolverá
milhões de euros. De acordo com fonte próxima do processo só a rede de
comunicações poderá ascender a mais de 200 milhões de euros. Steve
Lewis chegou a referir-se ao espaço escolhido como estando "no meio de
nada". Um manifesto exagero, já que a cidade ficará a menos de 3km do
Porto e é servida pela auto-estrada A4. Prevê-se que, pelas suas
características, se possam criar ali três a quatro mil postos de
trabalho.
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