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Porto discute estação de metro no parque da cidade Imprimir E-mail
in Público, 26.05.2009, Álvaro Vieira


"Quando o metro não está lá, ninguém adivinha o que é. Nem parece uma estação. Será uma das zonas do parque mais conseguidas como estadia", entusiasma-se Sidónio Pardal, o arquitecto que projectou o Parque da Cidade e que a Metro do Porto convidou agora a tratar da questão da inserção da futura Linha Ocidental, entre Matosinhos Sul e a Estação de S. Bento, no espaço verde.

Há mais de uma semana que a forma como o metro vai atravessar o parque pelo subsolo, em túnel, ou à superfície, suscita discussões na blogosfera. Sidónio Pardal sublinha que não pretende envolver-se em polémicas e reitera que a opção final caberá à Metro e à Câmara do Porto. Mas percebe-se que o arquitecto paisagista já tem uma opinião formada, que, contudo, não assume como tal: "Não é uma questão de opinião, é um facto. Se for à superfície, a coisa resolve-se com dois milhões de euros, estação incluída; para meter tudo dentro de um túnel, com estação subterrânea, a coisa não se faz nem com trinta milhões". E reitera que esta não é uma opinião de arquitecto: "Estou a raciocinar como cidadão que não gosta de ver espatifar o erário público".

Fonte da Metro do Porto que acompanha o processo da Linha Ocidental declarou ao PÚBLICO que, apesar da disparidade de valores em causa, a empresa "não tem posição a favor nem contra o enterramento do metro no Parque da Cidade e quer discutir o assunto com a Câmara do Porto sem posição predefinida". Mas percebe-
-se que, não havendo posição, existe no mínimo uma inclinação. A mesma fonte recordou que Sidónio Pardal é favorável à "opção superfície" e que concebeu uma solução de colinas suaves que protegem o canal de metro.
Nuno Quental, da associação ambientalista Campo Aberto, será dos mais irredutíveis na recusa do atravessamento à superfície. Considera que o parque tem sido "pau para toda a obra": serviu para acolher o Pavilhão da Água, tem a barreira do "edifício 'transparente'" a separá-lo do mar, tem o viaduto, tem a pista da Red Bull Air Race... "Felizmente foi possível, até ao momento, evitar um golpe fatal que seriam as construções na frente da Circunvalação. Uma nova travessia do parque seria uma nova machadada", escreveu em A Baixa do Porto (http://www.porto.taf.net/dp/).

Sidónio Pardal recusa esta última ideia. Observa que o metro a atravessar um "corredor de 800 metros na bordadura" do recinto - numa zona que, em rigor, já nem integra o parque - será uma "festa" para centenas de milhar de passageiros do metro, uma experiência muito melhor do que a de andar num "buracão" . "O metro não tem praticamente ruído, convive bem com as pessoas", reforça.

E acrescenta um argumento técnico. O metro sairá da Praça da Cidade de S. Salvador, a "Rotunda da Anémona", à cota dez e os espaços dominantes do parque são côncavos. Foram projectados assim, para ficarem abrigados dos ventos de noroeste. Enterrar o metro ali implicaria criar uma alta colina que Sidónio Pardal adivinha "desconfortável, fustigada pelos ventos".

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