in Público, 03.05.2009, Inês Boaventura
Criar "pelo menos 500 lugares por ano" de estacionamento para residentes nas "zonas deficitárias" e diminuir em dez por cento, no mesmo horizonte temporal, a percentagem de estacionamento ilegal na cidade são alguns dos objectivos traçados no sumário da proposta preliminar de revisão do Plano Director Municipal (PDM) de Lisboa, que deverá ser apresentado quarta-feira em reunião camarária.
No capítulo da mobilidade, estabelece-se um conjunto de 15 metas
quantificadas, entre as quais se inclui a diminuição em 15 por cento,
até 2020, dos veículos que diariamente entram na capital. No que diz
respeito aos transportes públicos, a ambição do executivo é aumentar em
seis por cento, nos próximos cinco anos, as viagens com pelo menos um
extremo em Lisboa. Para tal poderão contribuir outras metas elencadas
no sumário da proposta mas cujo alcance ultrapassa claramente o âmbito
de intervenção da Câmara de Lisboa, como o assegurar que a ligação em
transportes públicos entre quaisquer dois pontos da cidade é feita com
um máximo de dois transbordos, ou o garantir a integração tarifária
total entre a Carris e o Metropolitano de Lisboa através de um "bilhete
único por viagem". Para a concretização destes objectivos é crítica a entrada em
funcionamento da Autoridade Metropolitana de Transportes, cujo regime
jurídico foi publicado em Diário da República em Janeiro de 2009, que
acumulará atribuições "em matéria de planeamento, organização,
operação, financiamento, fiscalização, divulgação e desenvolvimento do
transporte público de passageiros". Mas depois de várias datas
apontadas pelo actual Governo que ficaram por cumprir, não se sabe
quando esta autoridade passará a ser uma realidade.
Quanto ao estacionamento, a ideia da Câmara de Lisboa é "tender para a
universalidade do pagamento do estacionamento de acesso público nas
zonas em que existe presença significativa de comércio, serviços ou
outros pólos geradores". Nesse sentido, a necessidade de "consolidar a
eficácia do sistema de cobrança" é ponto assente. Para contornar os "casos de fortes défices da oferta de estacionamento
público", a autarquia propõe-se criar "pelo menos" 500 lugares de
estacionamento para residentes por ano, nomeadamente "em edifícios
reconstruídos ou em bolsas de estacionamento". Já em áreas "muito bem
servidas por transportes públicos no centro da cidade", a intenção é
desincentivar a utilização do transporte individual, impondo um limite
superior ao número de lugares (além do limite inferior já existente) a
criar em cada lote. O documento menciona ainda o fecho da CRIL e a construção da Terceira
Travessia do Tejo como infra-estruturas que irão reforçar a rede
rodoviária fundamental, mas avisa que "se não forem tomadas as medidas
adequadas poderão contribuir para aumentar a pressão rodoviária sobre
as entradas na cidade". Para tal, diz-se que o PDM deverá assumir como
princípio orientador "conter os fluxos de tráfego nas entradas de
Lisboa e no centro da cidade", embora não se explicite como.
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