in Público, 24.04.2009, Idálio Revez
A nova legislação que permite a legalização das camas turísticas paralelas, publicada há mais de um ano, deixou praticamente indiferentes os milhares de proprietários e agências que alugam moradias e apartamentos turísticos no mercado paralelo algarvio. Mas o director regional da ASAE, Filipe Meirinho, promete reforçar a fiscalização no próximo Verão.
"Vamos actuar", garantiu ontem aquele responsável, em Vale do Lobo, num
seminário sobre Alojamento Local, promovido pela Associação Empresarial
de Almancil, reconhecendo que, "de início, houve alguma dificuldade" na
interpretação do diploma. O presidente da Câmara de Loulé, Seruca
Emídio, revelou no encontro que recebeu apenas duas centenas de pedidos
de registo de "alojamento local", ao abrigo da nova legislação. António
Pina, presidente do Turismo do Algarve, por outro lado, calculou em 200
mil a 300 mil o número de camas turísticas ilegais ou paralelas que
passam ao lado do controlo fiscal. A polémica em volta das camas paralelas surgiu há cerca de três anos,
quando a ASAE foi ao terreno aplicar pesadas multas. As associações
empresariais protestaram, alegando que era "quase impossível" legalizar
o aluguer de uma vivenda particular para férias, uma vez que era
exigido um processo burocrático idêntico ao de um empreendimento
turístico. O novo diploma, de Março de 2008, simplificou os procedimentos. À
partida, basta um requerimento dirigido ao presidente da câmara a
solicitar o registo. Porém, o arquitecto Manuel Vieira, da autarquia de
Loulé, lembrou que a habitação, para entrar na oferta legal de
"alojamento local", tem de garantir as "condições de higiene, limpeza e
segurança", sendo ainda obrigatório o Livro de Reclamações. E a casa
"tem de estar conforme o projecto", avisou, lembrando que é feita uma
vistoria aleatória antes do registo. "Parece que o 'simplex' chegou ao
alojamento local", observou António Pina, sublinhando a ideia de que
esta medida "vem contribuir para o aumento da qualidade do turismo".
Seruca Emídio sugeriu que toda a oferta fosse inserida numa base de
dados, de acesso público através da Internet, em benefício do
consumidor. Mas António Pina mostrou ter "grandes expectativas" em relação à
resolução do problema, manifestando a esperança que isso contribua para
reforçar o orçamento da Entidade Regional de Turismo, pois entra no
cálculo para os efeitos de dotação financeira do organismo. E deixou um
recado político: "O representante da região nesta matéria, junto do
Governo, sou eu". A mensagem, sem destinatário expresso, parecia
dirigida à governadora civil, Isilda Gomes, que promove visitas
regulares por todos os sectores da vida regional.
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