in Público, 21.04.2009, Ana Henriques
A intenção da Câmara Municipal de Lisboa de autorizar a construção de dois prédios de oito pisos num terreno vazio de Campo de Ourique, na Rua José Gomes Ferreira, conta com a oposição de vários vereadores da autarquia. Apesar de coligado com os socialistas que governam o município, o independente José Sá Fernandes foi um dos que se manifestou contra a ideia, apresentada pelo vereador do Urbanismo Manuel Salgado.
O debate teve lugar na última reunião do executivo municipal, no âmbito
do chamado plano de pormenor das Amoreiras, documento que irá ser
submetido a discussão pública. [O Bairro de] "Campo de Ourique vai
ficar emparedado por estes edifícios de oito pisos", observou a
vereadora social-democrata Margarida Saavedra. "Tenho dúvidas sobre
estes oito andares a fechar a malha urbana do Bairro de Campo de
Ourique", disse por seu turno o vereador José Sá Fernandes. "Meter ali
prédios de oito pisos é, de facto, entaipar o bairro", corroborou
também o vereador da CDU Ruben de Carvalho, que defende que sejam
construídos mais equipamentos sociais na área de intervenção.
Anúncio de demolição
Manuel Salgado alegou que não só os novos edifícios não entaiparão o
bairro como serão, de resto, mais baixos do que outros já existentes na
Rua Mota Pinto, "com dez a 13 pisos". E anunciou que os antigos prédios
de três pisos da Rua Silva Carvalho que a Câmara Municipal de Lisboa
entregou à Empresa Pública de Urbanização de Lisboa [EPUL] em 2004 para
que esta os reabilitasse - o que acabou por nunca acontecer - deverão,
afinal, ser demolidos, "uma vez que estão praticamente em ruínas".
Serão substituídos por outros edifícios com a mesma altura. "Se depois
serão vendidos ou arrendados é uma opção que a câmara tomará mais
tarde", acrescentou Manuel Salgado. Também na última reunião de câmara foi aprovado o plano de pormenor
para a zona do centro de congressos da Junqueira, que prevê a
construção de dois hotéis, um no Palácio dos Condes da Ribeira Grande e
outro ao lado da antiga Feira Internacional de Lisboa. A autorização da autarquia para que o hotel venha também a ocupar o
logradouro do palácio suscitou algumas críticas, mas não tantas quanto
a decisão de permitir, em altura de crise económica, o surgimento de
mais duas unidades hoteleiras quando na zona existe já um
estabelecimento do género, o Vila Galé Ópera, situado praticamente sob
o tabuleiro da ponte 25 de Abril. O presidente da autarquia, António Costa, explicou que nada podia fazer
a esse respeito, uma vez que tinha sido a própria autarquia, em
mandatos anteriores, a comprometer-se a licenciar os projectos dos
hotéis.
"As pessoas que investem na cidade não podem estar sujeitas a esse tipo
de contingências [alteração de decisões de cada vez que mudam os
responsáveis políticos]. Senão, nunca ninguém confiará mais na Câmara
Municipal de Lisboa", declarou na reunião o presidente da câmara. A Polícia Municipal de Lisboa isolou ontem parte da Avenida de Berna,
como medida de segurança e prevenção de acidentes, devido a uma rotura
numa conduta de abastecimento de água. De acordo com fonte do comando
da Polícia Municipal, a conduta de água rebentou ao início da tarde de
ontem, abrindo um buraco na via pública que impediu a circulação de
viaturas e pessoas naquela zona. Contactada pela agência Lusa, fonte da
Empresa de Águas de Lisboa (Epal) informou que prestará informações
após uma avaliação da situação no local.
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