in Público, 21.04.2009, Patrícia Carvalho
O processo do Parque da Cidade, no Porto, voltou para as mãos da câmara municipal. O prazo aprovado pelo município para que o consórcio envolvido no acordo extrajudicial encontrasse compradores para os terrenos cedidos pela autarquia terminou ontem. Os interessados apareceram, mas a aquisição dos terrenos está sujeita a uma série de condições que a autarquia poderá ou não aceitar.
Ontem mesmo deveria ter seguido para o presidente da Câmara Municipal
do Porto, Rui Rio, uma carta da empresa Médio e Longo Prazo (uma das
que compõem aquele consórcio, a par com a Préstimo e a Jardins de
França), dando conta do número de entidades que se mostraram
interessadas em adquirir os terrenos incluídos no acordo extrajudicial
e das condições por elas exigidas. As empresas Préstimo e Jardins de França não estão envolvidas neste
documento, já que consideram que o prazo efectivo para o fim do acordo
terminou a 20 de Março.
Vários interessados
O PÚBLICO sabe que existem interessados em todos os terrenos, mas que
as condições (relacionadas, pelo menos em alguns dos casos, com
garantias de licenciamentos) são muitas. Por isso, a bola está, de
novo, do lado da autarquia, que deverá decidir se aceita ou não estas
exigências.
Se a câmara considerar que as condições são aceitáveis, será ainda
necessário convencer a Préstimo e Jardins de França a aceitarem esta
nova etapa, uma vez que o acordo extrajudicial, assinado em Dezembro,
aplica-se ao consórcio no seu todo. O protocolo, celebrado entre a câmara e o consórcio detentor de
terrenos do Parque da Cidade, estabelece que o município cede terrenos
e imóveis, que deveriam ser vendidos até ao final do dia de ontem,
recebendo o consórcio o valor da transacção, estimado em 43,8 milhões
de euros. Em contrapartida, as empresas comprometiam-se a pôr um fim a
todos os processos judiciais contra a câmara, envolvendo o Parque da
Cidade, e que poderiam custar ao município cerca de 170 milhões de
euros. O prazo inicial para que o consórcio encontrasse compradores para os
bens cedidos era 20 de Fevereiro. O consórcio pediu mais 30 dias, mas
Rui Rio decidiu alargar o prazo para 60 dias - medida que dividiu o
consórcio e que levou à reactivação das acções judiciais a partir de 20
de Março. A Préstimo e Jardins de França recusaram sempre estender o acordo para
lá dessa data, enquanto a Médio e Longo Prazo continuou à procura de
compradores. O PÚBLICO tentou ouvir a posição da Câmara Municipal do
Porto, mas tal não foi possível.
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