in Público, 16.04.2009, Ana Henriques
A vereadora Rita Magrinho (PCP) sugeriu ontem na reunião da Câmara de Lisboa a criação de uma bolsa de casas municipais para arrendamento à qual possam concorrer apenas os jovens até aos 30 ou 35 anos. Não é certo que a vereadora responsável pelo novo regulamento de atribuição de fogos municipais, a socialista Ana Sara Brito, venha a acolher a sugestão.
Ana Sara Brito, que tem o pelouro da Acção Social - e se viu há seis
meses envolvida num escândalo por ter beneficiado de uma casa camarária
no centro de Lisboa a preços reduzidos durante duas décadas -,
apresentou ontem as novas regras de atribuição de fogos municipais. A
votação deste regulamento pelos vereadores acabou por ser adiada, para
que possa incorporar contribuições das restantes forças políticas,
nomeadamente dos comunistas, que apresentaram uma extensa lista de
sugestões. Uma delas passa por criar um contingente especial de casas
para arrendar a que só se possam candidatar jovens - quer nos bairros
sociais quer no chamado património disperso da autarquia, constituído
pelos fogos que não se inserem na habitação social. Ana Sara Brito não se mostrou particularmente entusiasmada com a ideia,
tendo alegado que, nesse caso, teria também haveria que criar um
contingente especial para idosos. Tal como não se mostrou aberta à
sugestão da vereadora independente Helena Roseta de os fogos passarem a
ser atribuídos por sorteio, depois de verificados os rendimentos dos
concorrentes. A eleita dos Cidadãos por Lisboa garante que é, de resto,
isso que a legislação exige desde 1976. "O sorteio não é um critério
social", defendeu, por seu turno, Ana Sara Brito, que entende que devem
continuar a ser os serviços camarários a tomar essa decisão, depois de
ponderados critérios como o rendimento e a composição de cada agregado
familiar - se há menores ou pessoas economicamente dependentes de
outras, por exemplo. "O novo sistema permitirá que as pessoas que
tiverem acesso às casas sejam hierarquizadas numa lista que será
pública", prometeu. Por enquanto, a moralização do sistema continua por fazer: prometidos
para Março, ainda não são conhecidos os resultados do levantamento dos
inquilinos dos cerca de dois mil fogos do património disperso da
autarquia. Um levantamento que tem por objectivo saber se as pessoas a
quem foram atribuídas as casas moram efectivamente lá e se continuam
numa situação financeira que justifique esse facto.
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