in Público, 12.04.2009, Inês Boaventura
A Câmara de Lisboa prevê até Outubro de 2009 poder disponibilizar percursos cicláveis com uma extensão total aproximada de 25 quilómetros, unindo os principais espaços verdes da cidade, mas também áreas residenciais e empresariais, medida que o vereador do Ambiente acredita que muitos lisboetas passarão a andar de bicicleta em lazer e em trabalho. As pistas para bicicletas (ciclovias) que a autarquia pretende criar
nos próximos anos, algumas das quais tornarão mais utilizáveis as já
existentes, têm uma extensão total de cerca de 40 quilómetros e
representam um investimento de 5,3 milhões de euros.
Parte desse valor
será assegurado por parcerias e fundos comunitários, suportando a
Câmara de Lisboa uma fatia de 2,9 milhões de euros. O vereador garante que uma parte substancial desses percursos cicláveis
estará concluída até Outubro de 2009, data em que será possível pedalar
entre Carnide e Benfica, Benfica e Telheiras, Telheiras e Campo Grande,
Campo Grande e Parque das Nações, Monsanto e Parque Eduardo VII,
Monsanto e Jardim do Arco do Cego (pela Duque d'Ávila) e Monsanto e
Benfica (através da radial). Nessa altura estará também operacional,
segundo Sá Fernandes, a ciclovia entre Belém e o Cais do Sodré. O vereador explica que uma das utilidades destes percursos, alguns dos
quais se inserem nos chamados corredores verdes, é "ligar os parques
uns aos outros", mas sublinha que eles também atravessam zonas
residenciais e locais da cidade com grande actividade empresarial.
Pedalar na Duque d'Ávila
Segundo os números divulgados pela autarquia, são 15 os corredores
cicláveis com utilização prevista para um futuro próximo. E se vários
destes vão surgir junto a espaços verdes da cidade, também há outros,
porventura menos expectáveis, como o que vai unir a Gulbenkian ao
Jardim do Arco do Cego através da Avenida do Duque d'Ávila e Telheiras
ao Parque das Nações, via Avenida do Brasil. Mas será que o investimento de 2,9 milhões a cargo da câmara vai ter resultados? "Sem dúvida", afirma Sá Fer-
nandes, convicto de que a criação dos novos percursos vai pôr a pedalar
muitos lisboetas que só não o fazem por temerem pela sua segurança. E
depois de superarem esse receio e de "criarem o hábito", diz que o
passo seguinte é passarem a andar de bicicleta um pouco por toda a
cidade. Os 40 quilómetros de percursos em estudo ou já em obra vão juntar-se,
de acordo com as contas da autarquia, a cerca de 13 quilómetros já
existentes em Monsanto, radial de Benfica, Campolide, Telheiras e
Parque das Nações. Além destas pistas, a cidade dispõe ainda de 20
quilómetros de "trilhos cicláveis" em Monsanto e na Belavista. Em cima da mesa está também o projecto de avançar com a construção de
um trajecto para bicicletas unindo os concelhos de Lisboa e da Amadora,
aproveitando as obras em curso da CRIL. Sá Fernandes diz que a ideia já
foi apresentada à autarquia e à Estradas de Portugal, mas não tem a
certeza que vá avançar.
José Manuel Caetano, presidente da Federação Portuguesa de Cicloturismo
e Utilizadores de Bicicleta, congratula-se com o facto de ter acabado o
"hiato de oito anos entre a câmara e as bicicletas", dizendo-se
defensor das iniciativas que contribuam para que haja "uma mancha" de
veículos não poluentes de duas rodas na cidade. Ainda assim, é contra "o conceito das ciclovias por tudo e por nada",
sendo que nalguns casos bastarão soluções "económicas, que não mexem
com as infra-estruturas", mas que continuam a facilitar a vida de quem
usa bicicleta, como a introdução de sinalização e a criação de zonas
limitadas a 30 km/h para os automóveis. |