in Público, 10.04.2009
A Câmara de Lisboa aprovou, anteontem à noite, na reunião do executivo camarário, o projecto de arquitectura que vai transformar o quarteirão onde se insere a pastelaria Suíça, na Rossio, num hotel de cinco estrelas. Para o presidente da autarquia, o socialista António Costa, a unidade hoteleira irá dar um "grande contributo à reabilitação e revitalização da zona central da cidade". O quarteirão encontrava-se "há muito abandonado", sobretudo ao nível
dos pisos superiores, referiu Costa.
O projecto foi sujeito a parecer
do Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico,
acrescentou o vereador Manuel Salgado, que observou que este é "um
excelente projecto", que "mantém as abóbodas do piso térreo e repõe a
cobertura original". O movimento Cidadãos por Lisboa votou contra ele,
por causa dos problemas de acesso ao estacionamento e de largada e
tomada de passageiros no Rossio e na Praça da Figueira. A vereadora
Helena Roseta lançou também outras críticas à transformação do
quarteirão em hotel: "Não leva em conta a preservação da antiga
manteigaria União", "jóia" de valor patrimonial, acrescentou. Já o
vereador comunista Ruben de Carvalho destacou a degradação em que os
edifícios se encontram, considerando que a criação de um hotel assegura
movimento na zona e mantém algum do comércio existente. Estratégia contestada
Mais polémica foi a aprovação da carta estratégica de Lisboa, que
deverá ser submetida à aprovação no início do próximo mandato, disse
Costa. O autarca assumiu que a discussão daquele documento estratégico
para a cidade entre 2010 e 2024 irá coincidir com a campanha eleitoral
autárquica e considerou que esse é um "momento particularmente oportuno
para esse debate". A contestação foi feita pela vereadora do PSD
Margarida Saavedra: "Uma carta estratégica que vai estar pronta a um
mês das eleições é uma forma de fazer campanha eleitoral à custa dos
lisboetas e da câmara." Também Ruben de Carvalho criticou a carta
estratégica, uma "coisa que não existe". Ana Pinho será a comissária
para as questões demográficas, Manuel Graça Dias o comissário para a
segurança e a inclusão, Tiago Farias ocupar-se-á das questões
ambientais, Augusto Mateus da vertente económica, Simonetta Luz Afonso
da temática cultural e João Seixas do modelo de governo da cidade. O
cientista e investigador João Caraça será o comissário geral da carta
estratégica de António Costa. Revisão do PDM atrasada
A revisão do Plano Director Municipal (PDM) não estará concluída
durante este mandato autárquico, informaram a vereadora Helena Roseta e
o vereador Ruben de Carvalho, anteontem à noite, após a reunião do
executivo da Câmara de Lisboa. Segundo estes autarcas, o vereador
responsável pelo Urbanismo, Manuel Salgado (PS), reconheceu que o
processo de revisão não estará terminado até ao fim do mandato. Para o vereador comunista Ruben de Carvalho, trata-se de um "falhanço enorme, nomeadamente do programa [eleitoral] do
Partido Socialista". O autarca sublinhou que, apesar da revisão do PDM
não estar concluída, foram aprovados durante este mandato diversos
planos urbanísticos, "coisas desgarradas que vão criando situações de
facto, como o Plano da Boavista ou da Frente Ribeirinha". Em Outubro de 2008, o presidente da Câmara de Lisboa, António Costa,
anunciou durante a discussão sobre o "estado da cidade" que o novo PDM
seria apresentado em Março.
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