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Nova linha de alta tensão Sines-Lisboa em 2010 Imprimir E-mail
in Público, 06.04.2009, Jorge Talixa


A Rede Eléctrica Nacional (REN) pretende iniciar em 2010 a construção de uma nova linha de alta tensão que garanta o transporte para a região de Lisboa da energia adicional já produzida na zona de Sines e da que vai ser gerada pela futura central de ciclo combinado. O estudo de impacte ambiental (EIA) da infra-estrutura, que se estende por cerca de 100 quilómetros - entre o concelho alentejano de Vendas Novas e Fanhões (Loures) -, esteve em consulta pública até sexta-feira da semana passada.

O EIA explica que "o forte aumento da capacidade produtora de energia eléctrica instalada na zona de Sines", com a existência de centrais de co-geração e projectos para várias outras, além de uma informação favorável já emitida pela Direcção-Geral de Energia para a próxima construção de uma nova central de ciclo combinado a gás, levou a REN a considerar necessário construir uma nova linha que garanta o escoamento daquela produção nas melhores condições de segurança.

A infra-estrutura a construir entre a zona da Landeira e Fanhões ligará, por isso, à actual Linha Palmela-Sines 3 no concelho de Vendas Novas. Nesta área deu-se, todavia, nos últimos meses, um ajuste de percurso, devido à localização do futuro aeroporto na zona do Campo de Tiro de Alcochete e à respectiva servidão, o que levou ao deslocamento para leste e para a zona da Landeira (Vendas Novas) da ligação à rede existente.

Este ponto de ligação teve também em conta a melhor localização para uma futura subestação de alimentação da linha ferroviária de alta velocidade a construir entre Lisboa e Madrid. Os perto de 100 quilómetros da nova linha de alta tensão (400 kV) atravessam, assim, sete municípios dos distritos de Évora, Setúbal, Santarém e Lisboa e o EIA apresenta quatro alternativas principais de percurso, com algumas pequenas variantes.

Nos primeiros 67 quilómetros (entre Vendas Novas e o Porto Alto, no concelho de Benavente), os autores do estudo dizem que foi equacionada uma única alternativa, porque é a que "evita/minimiza a interferência com as condicionantes identificadas correspondendo a um corredor viável técnica e ambientalmente". A partir daí, os estudos admitem algumas alternativas na travessia dos campos da Lezíria Grande de Vila Franca de Xira, recomendando a opção pelo actual corredor da linha de 150 kV Porto Alto-Sacavém, que deverá ser desmontada e desactivada com a construção da nova linha (ver caixa). Nesta área, o EIA indica uma alternativa, situada ligeiramente mais a norte e com mais cerca de 1800 metros de extensão, que minimiza o atravessamento da Zona de Protecção Especial do Estuário do Tejo.

Depois da travessia do rio nas proximidades da ponte Marechal Carmona, o projecto admite duas alternativas principais: ou segue no sentido este-oeste até à zona do Chão da Vinha, evitando zonas urbanas e urbanizáveis das povoações de A-dos-Bispos, Cotovios e São João dos Montes, ou flecte para sul, seguindo em paralelo com o Tejo até à zona da Verdelha (freguesia de Alverca) e virando para Noroeste até ao Casal das Bragadas. Os autores do EIA consideram mais favorável a primeira hipótese, tendo também em conta que passa próximo de 431 edifícios, enquanto as alternativas a sul atravessam zonas urbanas mais densas e podem afectar 1200 a 1500 edifícios.

A partir do Chão da Vinha e até Fanhões, as alternativas são idênticas, procurando evitar zonas urbanas e urbanizáveis das localidades de Vila Nova e da Bemposta (concelho de Loures). Nos 13 descritores avaliados, a alternativa 2 (atravessa o concelho de Vila Franca de Xira mais a norte) é considerada mais favorável em 9, seguida pela alternativa 1, que é bastante semelhante.

Os documentos apresentados consideram que os impactes geológicos não são significativos, que os impactes no solo são temporários (fase de obra) e que ao nível dos recursos hídricos, da qualidade do ar e do ambiente sonoro são pouco significativos.

Em fase de exploração, o impacte paisagístico é considerado o mais relevante, sendo em parte minimizado pela desmontagem da actual linha Porto Alto-Sacavém. O EIA realça também os impactes positivos resultantes da melhoria das condições de fornecimento de energia e o facto de prever a compatibilização com as actividades agrícolas e florestais desenvolvidas ao longo do percurso (abrange cerca de 2800 hectares de solos de médio e elevado valor agrícola)

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