in Expresso, 05.04.2009, Filipe Santos Costa
Os contribuintes que tenham imóveis sem certificação energética vão pagar mais IRS este ano. A certificação energética era já obrigatória para todas as construções novas, e passou a sê-lo também para os imóveis antigos, em caso de transacção — ou seja, para os imóveis antigos o documento só é necessário na hora de vender ou arrendar. No entanto, a ausência deste documento tem um custo, mesmo para quem não é obrigado a tê-lo.
Luís Leon, senior manager de tributação individual da consultora
Deloitte, confirma que “com o Orçamento do Estado de 2009 a
certificação de eficiência energética passou a ter relevância na
dedução à colecta sobre imóveis”. A razão é simples: os imóveis com
classificação de eficiência A ou A+ (ou seja, a nota máxima, que
corresponde a um menor consumo de energia) têm uma majoração de 10% na
dedução — na prática, ao limite de 586 euros podem somar-se 58 euros.
Quem tem crédito à habitação e não tenha casas com nota A ou A+ paga
mais. Basta confirmar na simulação online.
O CDS foi alertado para esta situação através de e-mails de
contribuintes e vai questionar o Governo. Numa pergunta ao Ministério
das Finanças os centristas lembram que, “segundo informações dos
serviços de finanças”, o facto de uma casa antiga não ter certificação
“não teria qualquer penalização no valor a ser reembolsado” — mas não é
isso que se está a verificar. “Pode confirmar que os contribuintes que
não tenham certificado energético serão prejudicados no IRS?”,
questiona o CDS.
O Expresso colocou a pergunta ao gabinete de Teixeira dos Santos.
Resposta: “Os contribuintes não são prejudicados. Os que adquirem os
(imóveis) mais eficientes é que são beneficiados”. Ainda segundo a
assessora de imprensa do ministério, ao dar uma bonificação superior se
o edifício tiver melhor qualidade, “o objectivo é incentivar a
aquisição de prédios mais eficientes.”
A questão é que, por regra, os prédios mais eficientes são os mais
recentes e com melhor construção — o que se reflecte no preço.
Resultado: quem pode comprar casas mais caras ainda tem um benefício
fiscal. Por outro lado, este benefício de 58 euros não compensa o custo
de pedir a certificação energética de um imóvel, um processo que, para
um T2 ou T3 de dimensões normais, ronda os 300 euros.
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