in Público, 04.04.2009, Filomena Fontes
Valente de Oliveira apelou ontem a uma espécie de sobressalto cívico contra "o indiferentismo da apatia", convocando o país "à ousadia de propor e avançar" com a reforma das regiões. "A regionalização é cada vez mais urgente, porque se atingiu a penúria absoluta em termos de iniciativa regional face à iniciativa nacional". Para o ex-ministro do Planeamento será "um erro clamoroso desperdiçar as potencialidades da periferia" e uma "injustiça grave" consentir no abandono de regiões que não são apoiadas, apesar de terem contribuído para a riqueza do país com as suas exportações.
Foi em diferido que chegou a resposta aos adversários da reforma das
regiões que, há um mês, participaram no ciclo de debates
Regionalização: Uma vantagem para Portugal?, organizado pela Câmara do
Porto. Anteontem, na última sessão, coube a Arlindo Cunha, Valente de
Oliveira e ao economista Mário Rui Silva defender o "sim". Aos
argumentos recorrentes (pôr em causa a coesão nacional, trazer mais
despesa pública, multiplicar "terreiros do paço"...), os
anti-regionalistas juntaram-lhe recentemente o da crise, que
desaconselharia "experimentalismos". Arlindo Cunha contrapõe que a
resposta que urge dar, com políticas económicas e sociais, nada tem a
ver com os sistemas de governo. "Foi a centralização que fez a França,
foi a regionalização que salvou a França. Em Portugal, como é costume,
podíamos dizer coisa semelhante", observou Valente de Oliveira.
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