in Público, 02.04.2009
As câmaras do Barreiro, Almada e Seixal reclamaram ontem o aproveitamento das zonas industriais da Quimiparque, Margueira e Siderurgia Nacional para a nova cidade aeroportuária, rejeitando a ideia de uma megacidade perto do novo aeroporto. "O que precisamos é de requalificar o que temos e não construir novas cidades", até porque "são três imensos vazios urbanos" e o novo aeroporto de Alcochete não deve criar "uma mega-cidade" mas "aproveitar os núcleos urbanos existentes", disse à Lusa Carlos Humberto, presidente da Câmara do Barreiro.
"É algo que nunca se fez no país. A cidade do futuro terá funções que
não são divididas como as actuais", acrescentou Alfredo Monteiro,
presidente da Câmara do Seixal, considerando que não faz sentido criar
uma mega-cidade aeroportuária. "Estas áreas devem integrar a estratégia
num âmbito regional" e "não faz sentido criar uma megacidade
aeroportuária", disse. A presidente da Câmara de Almada, Maria Emília
Sousa, defendeu, também, que o essencial é reconverter o que é
património do Estado. "Entendemos que - apesar de se estar a trabalhar no PROT [Programa
Regional de Ordenamento do Território] e não nos devermos antecipar - a
cidade aeroportuária deve passar por estes três territórios mas não em
exclusivo. Penso que essa é a ideia do Governo" e nós "estamos em
sintonia" porque "as áreas têm que ser rentabilizadas", acentuou. Em
relação aos investimentos das autarquias no projecto do Arco Ribeirinho
Sul, os autarcas explicaram que ainda é prematuro falar em valores.
"Quando tivermos o plano, podemos falar em valores", disse Maria Emília
Sousa. Carlos Humberto concorda: "Penso que já foram afinados, mas
existem mais números. Ainda não estamos em condições de nos pronunciar,
mas os do Arco Ribeirinho são uma referência", afirmou. Alfredo
Monteiro referiu que os terrenos são públicos e que isso aumenta a
responsabilidade do Estado. O Governo lançou em Setembro o projecto do Arco Ribeirinho Sul, visando
a requalificação das antigas zonas industriais da margem sul, nos
municípios de Almada (55 hectares da Margueira), Barreiro (290 hectares
da Quimiparque) e Seixal (536 hectares da Siderurgia Nacional). Na
ocasião, foi criado um grupo de trabalho, na dependência do Ministério
do Ambiente, para elaborar uma proposta de plano estratégico com as
autarquias envolvidas. O plano terá de ser depois aprovado em Conselho
de Ministros.
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