in Público, 30.03.2009, Inês Sequeira
O grupo Inland, liderado pelo presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira, decidiu repensar e adiar a campanha de vendas do projecto Verdelago, que vai ocupar 94 hectares junto à Praia Verde, no concelho algarvio de Castro Marim, devido à actual situação do mercado de turismo, mas a intenção de construir mais de 2000 camas até ao primeiro trimestre de 2012 mantém-se, afirmaram ao PÚBLICO responsáveis deste grupo de promoção imobiliária.
Em causa está um aldeamento turístico com 340 segundas residências (233
apartamentos, 86 moradias em banda e 21 moradias isoladas) que vão
fazer parte do empreendimento, mais um hotel com 198 quartos e um campo
de golfe, no âmbito de um projecto apresentado pela primeira vez às
autoridades há 18 anos e que tem tido a oposição de ambientalistas, mas
que recebeu o alvará da autarquia de Castro Marim em Fevereiro passado.
O terreno do empreendimento estende-se por 94 hectares, mas a parte de
construção concentra-se apenas num terço desta área, já que uma grande
parte é ocupada pelo campo de golfe e a faixa mais junto do litoral não
pode ter casas. "Vamos aproveitar 2009 para repensar as estratégias de marketing e
comercialização", disse um dos administradores do grupo, Luís Martins.
A expectativa é diversificar os mercados alvo (juntar o Leste e
Escandinávia aos mercados tradicionais) e começar com a campanha de
marketing "na Páscoa de 2010".Já Tiago Vieira, outro dos
administradores do grupo, diz que a venda em força só vai começar
"dentro de três anos ou três anos e meio". "A ideia é tentarmos
maximizar ao máximo o valor de venda das unidades", adianta. O contrato de financiamento que a Inland assinou em 2008 com um
sindicato bancário do qual fazem parte a Caixa Geral de Depósitos, o
Banco Espírito Santo e o Millennium BCP - que vai até aos 250 milhões
de euros, para um investimento total de 259 milhões - não exerce
pressão para vender rapidamente. "Temos uma montagem financeira que nos
permite estar três anos sem pagar à banca", indica Luís Rodrigues.
Quanto às garantias, afirma que são as habituais nestes projectos. Em
contra-relógio está o arranque das obras no terreno, previsto para tão
cedo quanto possível, logo que estejam formalizados todos os documentos
legais associados ao alvará, confirmam os dois administradores. Luís
Rodrigues diz que não querem defraudar as expectativas da população
local e que já esperaram muitos anos pelo licenciamento, além de que
esta pode ser uma "oportunidade": "Termos tudo pronto quando esta crise
terminar." Mas tendo em conta que o sector de turismo está também a
mudar, a tipologia e o número de camas do projecto não deveria ser
repensada? "Não acreditamos que todos os projectos vão avançar, muitos
vão abrandar ou ser suspensos devido às pressões do sistema
financeiro", afirma. A intenção é diversificar e apostar que o mau
momento do mercado vai afectar mais a concorrência. Só no concelho de
Castro Marim, estão previstos pelo menos mais três projectos turísticos
classificados como PIN (de potencial interesse nacional) pelas
autoridades portuguesas: Almada de Ouro (2800 camas), Quinta do Vale
(2500 camas) e Corte Velho (2300 camas). Quanto à campanha de promoção, que para já está orçamentada em oito
milhões de euros ao longo de cinco anos, vai apostar à mesma em
mercados tradicionais como a Irlanda e o Reino Unido, mas vira-se
também para outros mercados alvo como a Rússia, o Leste da Europa, e
mesmo China ou Angola. O objectivo é entregar a gestão do
empreendimento a um grupo hoteleiro internacional, mas a Inland
manter-se proprietária do hotel e do campo de golfe. Quem adquirir uma
das segundas residências terá de pagar serviços prestados, pela empresa
gestora, de limpeza, manutenção e vigilância, e tem a opção de incluir
a unidade numa pool para ser arrendada a terceiros durante vários
meses, para ser alugada a terceiros, ou ocupá-la sempre que quiser
durante todo o ano e pagar uma quantia todos os meses.
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