in Público, 24.03.2009, Álvaro Vieira
Tal como haviam prometido, as empresas Préstimo e Jardins de França, proprietárias de terrenos do Parque da Cidade, decidiram ontem reactivar as acções judiciais que tinham em curso contra a Câmara do Porto. Aparentemente, gorou-se assim o acordo extrajudicial tentado pelas partes, embora o gabinete de comunicação da autarquia mantenha que o acordo "continua em curso" e que conta com o parceiro maioritário do consórcio de proprietários.
O acordo extrajudicial dizia respeito a três parcelas de terrenos das
Médio e Longo Prazo, Préstimo e Jardins de França e visava garantir que
o município não seria condenado a pagar os cerca de 170 milhões,
reclamados pelos expropriados. A troco dos terrenos, a câmara entregava
ao consórcio 240 mil euros e imóveis no valor de 43,6 milhões, a
converter em dinheiro através da venda a terceiros, que incluía o
Edifício Transparente, o Matadouro e terrenos. O prazo para a concretização do acordo terminou a 21 de Fevereiro. O
consórcio sugeriu à câmara a prorrogação por 30 dias, mas o executivo
duplicou esse prazo suplementar. As Préstimo e Jardins de França sempre
disseram que só estavam interessadas na prorrogação por mais um mês,
prazo que terminou na passada sexta-feira sem que aparecessem
compradores para os imóveis em causa. A Médio e Longo Prazo informou
que considerou a prorrogação por 60 dias "razoável", mas ressalvou que
também reactivaria as acções se Préstimo e Jardins de França o fizessem. Contactada ontem pelo PÚBLICO, a câmara confirmou ter recebido uma
carta da Préstimo e da Jardins de França a afirmar que se consideravam
livres para reactivar as acções judiciais. "Daí para cá, não foi dada
qualquer outra informação suplementar sobre a matéria", acrescenta a
autarquia, sublinhando que estas empresas representam apenas um terço
do consórcio em causa. "Uma vez que o parceiro maioritário já comunicou ao município [...] que
aceita o prazo dado pela autarquia e que o considera adequado, a CMP
não tem qualquer comentário a fazer nem prevê qualquer cenário
alternativo, lembrando que o prazo de 60 dias, entretanto concedido,
não tem que ser esgotado", afirma o gabinete de comunicação da câmara,
concluindo que "o acordo assinado com o consórcio (...) continua em
curso, de acordo com o prazo dado pelo executivo na passada
terça-feira".
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