in Público, 24.03.2009, Jorge Talixa
O movimento Xiradania considera que a construção de um grande empreendimento de vocação comercial e empresarial nos 22 hectares do antigo terminal TIR de Alverca "é incompatível com o actual Plano Director Municipal". O movimento de cidadania salienta que o terreno da zona sul de Alverca está "dentro dos limites das áreas inundáveis" e que o estudo de impacte ambiental (EIA) não prevê medidas minimizadoras para a viabilização do empreendimento.
A consulta pública do EIA do Fórum Alverca terminou na semana
passada. O empreendimento proposto pela Multi Development Portugal
envolve um grande centro comercial com 45 mil metros quadrados e
parques de negócios, retalho e escritórios. Segundo os estudos poderá
criar 3790 postos de trabalho, atrair 8,4 milhões de visitantes por ano
e motivar um pico máximo de circulação de 3735 veículos em hora de
ponta de tarde de sábado.
O Movimento de Cidadania Xiradania é que não se mostra convencido
pelos números, frisando que o espaço está classificado no Plano
Director Municipal (em fase final de revisão) como "área industrial
existente" e que o projecto prevê áreas comerciais, de retalho e de
escritórios que "não são susceptíveis de ser classificados como
edifícios destinados a usos industriais e serviços complementares". O Xiradania sustenta também que o EIA não aborda as consequências da
construção de um parque de estacionamento subterrâneo com 850 lugares e
uma área de construção abaixo do solo de 28.600 metros quadrados e "nem
sequer refere qualquer medida que minimize os efeitos das cheias". O
movimento de cidadãos critica igualmente a inexistência de referências
aos eventuais impactes sobre as antigas salinas de Alverca, situadas
nas proximidades, consideradas "a mais importante área para a
conservação da natureza na margem direita do estuário do Tejo".
Os autores do EIA são acusados de tentarem "menorizar" os efeitos do
empreendimento ao nível da qualidade do ar e do ruído e criticados pela
falta de referências ao acesso por transportes públicos e a pé,
considerando que as alterações propostas às vias rodoviárias
circundantes poderão tornar "muito difícil ou mesmo impossível" o
acesso pedonal, convertendo o projecto "numa ilha desligada do tecido
urbano". O Xiradania contesta ainda o proposto alargamento da Rua de Vilar
Queiroz para quatro vias, considerando que o arruamento se
transformaria numa "via rápida". A falta de análises ao impacto da
abertura do Fórum Alverca no comércio tradicional, "o espectro de um
excesso de oferta de centros comerciais no país" e o "despovoamento"
das áreas centrais da cidade que o eventual fecho de estabelecimentos
venha a originar são outras preocupações expressas no parecer do
movimento de cidadania.
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