Lusa, 15.05.2008
O arquitecto espanhol Santiago Calatrava, que será responsável pelo projecto de ampliação e adaptação da Gare do Oriente, em Lisboa, à alta velocidade, vai propor a construção de duas novas avenidas, uma a norte e outra a sul da infra-estrutura. "Quero construir duas avenidas, tangentes à estação. Pelo menos, é o que vou propor. A tendência nas estações modernas é, primeiro que tudo, facilitar as acessibilidades", avançou Calatrava, em entrevista à agência Lusa em Nova Iorque.
Afirmando que as obras de ampliação representam "uma oportunidade de
preencher a total capacidade urbana da estação", o autor do projecto
original da estação, inaugurada em 1998, diz que "é necessário
torná-las [as estações] mais confortáveis, o que pode ser facilmente
resolvido simplificando a orientação e aumentando a sensação de
segurança. Tem de se permitir o acesso visual a tudo e que as pessoas
vejam o que se passa lá fora", explicou.
Neste âmbito, Calatrava anuncia novas soluções, como "os dispositivos
electrónicos que veiculam as informações e orientam os passageiros,
aumentando a sua sensação de segurança, que são importantíssimos".
Apesar de defender que a Gare do Oriente precisará de poucas
alterações, porque os principais conceitos já existem e funcionam,
Calatrava confessa que detectou pequenas fa-
lhas e adianta que as autoridades portuguesas lhe pediram mais
conforto: "Solicitaram pequenas alterações, quase todas relacionadas
com o conforto do espaço. Falou-se na questão das salas de espera e
protecções para o vento."
Segundo Calatrava, a estação de Lisboa "é das maiores do mundo, recebe cerca de 75 milhões de passageiros por ano, número comparável ao
da Estação Grand Central, em Nova Iorque". Com o TGV e o shuttle para o
novo aeroporto, sublinha o arquitecto, o Parque das Nações ficará ainda
mais movimentado.
"Prevê-se um total de mais de 90 milhões de utilizadores. Temos de arranjar
forma de facilmente apanharem o comboio, de entrarem e saírem da
estação sem complicações.", refere, acrescentando que, no aspecto da
orientação, a estação de Lisboa é um bom exemplo: "Em cima apanham-se
os comboios, em baixo está o metro. E no meio, ao nível do chão,
está-se praticamente na rua." Do ponto de vista urbanístico, Calatrava garante que a estação é um
milagre. "Quando fui à zona pela primeira vez só havia destroços e ruínas da Petrogal. Trabalhei com erva quase até ao pescoço. Para mim já tinha sido milagre ver a Expo "98", afirma.
Mas ao regressar dez anos depois diz que ficou fascinado com "uma zona
cheia de gente vivendo, trabalhando e circulando por ali. É uma parte
da cidade que se consolidou em apenas dez anos, e que lhe pertence.
Acho que a estação foi um elemento capital neste processo." Lusa
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