Público, 10.05.2008, Cláudia Aldegalega
A Associação de Municípios da Região de Setúbal (AMRS) criticou ontem "a não auscultação, atempada e em prazo razoável" das câmaras municipais da região (Setúbal, Palmela, Moita, Montijo, Alcochete, Salvaterra de Magos, Coruche, Benavente, Montemor-o-Novo, Vendas Novas e Vila Franca de Xira) a respeito do decreto-lei que cria um regime de medidas preventivas, restritivas à construção em 25 quilómetros na zona do Campo de Tiro de Alcochete, onde será construído o novo aeroporto de Lisboa, medida aprovada anteontem em Conselho de Ministros.
Considerando que "as autarquias da península de Setúbal não se revêem e
condenam vivamente" a tomada de posição por parte do ministro das Obras
Públicas, Mário Lino, os autarcas defenderam ontem, em conferência de
imprensa, em Alcochete, que o projecto de diploma "evidencia uma
desnecessária e desproporcionada vontade proibitiva de toda e qualquer
actividade nos territórios abrangidos, em detrimento de uma orientação
preventiva e de uma postura desrespeitadora das atribuições e
competências das autarquias".
Luís Franco, presidente da autarquia de Alcochete, diz que a AMRS
sempre defendeu a necessidade da criação de uma comissão de
acompanhamento de todos os investimentos públicos da região, que
integre as autarquias, de forma a serem tomadas medidas adequadas".
Neste sentido os autarcas de Alcochete, Palmela, Setúbal, Moita e
Almada exigem que "o Governo respeite integralmente a autonomia do
poder local democrático".
"Inqualificável", classificou a presidente da Câmara Municipal de
Palmela a decisão governamental. Segundo Ana Teresa Vicente, as câmaras
municipais envolvidas neste processo "receberam na noite do dia 2 a
proposta de decreto-lei relativa às medidas preventivas, o que
oficialmente só tivemos conhecimento no dia 5."
A autarca conta ainda que "o prazo para emissão de parecer dava-nos
apenas 48 horas úteis para nos prenunciarmos sobre a matéria, e por
isso diversas autarquias acabaram por solicitar uma prorrogação do
tempo de emissão de parecer, que viria a ser concedido pelo Gabinete do
secretário de Estado das Obras Públicas, e que terminava a 9 de Maio
[ontem]. Trata-se de um procedimento inqualificável, que merece a nossa
reprovação, pois as 12 autarquias da AMRS não podem ser expropriadas de
um direito que nos assiste", sublinha Ana Teresa Vicente.
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