Público 10.04.2008, Ana Henriques
O Plano de Reabilitação de duas zonas da frente ribeirinha que o Governo quer levar a cabo em Lisboa prevê a saída do Terreiro do Paço dos ministérios da Justiça e da Administração Interna, de modo a que ali possam ser instalados dois hotéis de charme e escritórios. Prevista está também a abertura de comércio nas arcadas. O futuro presidente da sociedade que vai reabilitar as zonas Belém/Ajuda e Cais do Sodré/Santa Apolónia, José Miguel Júdice, apresentou ontem à autarquia as suas intenções, não tendo ficado claro para os vereadores se a saída daqueles ministérios é total, ou apenas parcial.
Vários autarcas mostraram-se por isso preocupados, não só com o modelo
escolhido, mas também com os gastos que ele implica, apesar de todas as
verbas a despender virem dos cofres da administração central. É que se
Júdice dirigirá a título gracioso esta sociedade, o mesmo não
acontecerá com os vogais do seu conselho de administração, com cujos
salários será gasto mais de um milhão de euros até 2010, altura em que
se prevê que as obras de reabilitação estejam prontas, para assinalar o
centenário da implantação da República.
Particularmente criticado por vários vereadores foram os planos para
montar um espectáculo de luz e cor junto aos Jerónimos, no valor de 5,5
milhões de euros, e também os vários ajustes directos previstos em
detrimento de concursos públicos. O vereador eleito pelo Bloco, José Sá
Fernandes, mostrou-se mesmo convicto que este gasto não irá por diante,
ao mesmo tempo que defendeu que seria preferível que a reabilitação
ribeirinha fosse gizada através de uma unidade de projecto da câmara,
em vez da sociedade em que a autarquia nem sequer participa por falta
de verbas. Seja como for, o autarca mostrou-se convicto que o município
conseguirá controlar o processo: "A sociedade será uma espécie de
capataz do que a câmara decidir para estas zonas."
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