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Lisboa discute Terreiro do Paço sem automóveis Imprimir E-mail

Público, 01.05.2008, Luís Filipe Sebastião

A retirada do trânsito individual das laterais do Terreiro e Paço e a alteração da circulação automóvel entre o rio e o arco da Rua Augusta poderá em breve ser colocada em discussão pública pela Câmara de Lisboa. A proposta do vereador Manuel Salgado foi ontem apresentada ao executivo municipal, mas a oposição acusou a maioria socialista de tentar fazer passar medidas importantes para a cidade sem discutir eventuais alternativas.

A sessão camarária iniciou-se com a apresentação de um estudo preliminar que prevê, numa primeira fase, que apenas os transportes públicos circulem nas laterais do Terreiro do Paço. O tráfego, a partir do Cais do Sodré, deverá circular em duas vias na Ribeira das Naus, junto ao rio, enquanto do lado do Campo das Cebolas, a circulação se fará pelas ruas dos Bacalhoeiros e do Arsenal, na direcção da Praça do Município. Se a proposta avançar, o Terreiro do Paço transformar-se-á numa espécie de rotunda, possibilitando a criação de "uma grande praça pedonal" junto ao Tejo. Segundo Mendes dos Reis, do gabinete do vereador do Urbanismo e Planeamento Estratégico, a medida levaria a "uma redução imediata" de cerca de 25 por cento do atravessamento automóvel da Baixa lisboeta.

Manuel Salgado afirmou, por outro lado, que o trânsito na Avenida da Liberdade aumentou com a abertura do túnel que liga as Amoreiras ao Marquês de Pombal. O autarca adiantou que o Plano de Urbanização da Avenida da Liberdade depende de uma redução da circulação automóvel na zona, e dos inerentes níveis de poluição atmosférica, de forma a poder revitalizar-se o uso habitacional naquele eixo da cidade. As alterações previstas visam ainda articular a rede viária urbana com a futura terceira travessia do Tejo.
A vereadora Helena Roseta defendeu que a proposta deve ser discutida pelo executivo e ir mais longe, retirando toda a circulação junto ao Tejo, de modo a "libertar a vista do Terreiro do Paço para o rio". A eleita pelos Cidadãos por Lisboa alertou ainda para a necessidade de se acautelar o facto de o túnel do metropolitano, em situações extremas de maré baixa, "criar uma poça" de água e lodos, com os consequentes maus cheiros para uma zona privilegiada da cidade.

O vereador Ruben de Carvalho criticou os socialistas por quererem avançar com uma proposta apresentada "em quatro slides" e que "a câmara não estudou, não discutiu, não aprovou". A oposição lamentou em bloco que o Governo tenha anunciado intervenções ferroviárias e portuárias para Alcântara sem informar a câmara. O presidente do município, António Costa, confirmou desconhecer a proposta governamental para Alcântara. O autarca do PS garantiu que o estudo para o Terreiro do Paço será discutido antes da discussão pública e que, "enquanto não houver uma variante à Baixa, não se pode eliminar a circulação" junto ao Tejo.
O executivo aprovou, por unanimidade, uma proposta de António Costa para que a assembleia municipal crie uma Comissão para a Promoção de Boas Práticas. Na sequência do resultado da sindicância aos serviços de urbanismo, pretende-se que uma das medidas contra a corrupção seja a criação de uma comissão, de três personalidades, que acompanhe a actividade camarária na área do urbanismo, permutas e planos.

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