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Coimbra quer campo de golfe em zona florestal ardida em 2005 Imprimir E-mail

Público, 29.04.2008, André Jegundo

A Câmara de Coimbra decidiu ontem emitir parecer favorável à instalação de um campo de golfe e de uma unidade hoteleira num terreno florestal, situado entre a Quinta do Brejo e o cimo da Avenida Elísio de Moura, e que em 2005 foi parcialmente destruído pelo incêndio que cercou a cidade.

A deliberação camarária foi aprovada com quatro votos contra, dos vereadores do PS e do vereador da CDU, e cinco a favor, da maioria PSD/CDS/PPM. Os promotores deverão agora apresentar o projecto e submetê-lo à aprovação de diversas entidades, incluindo, novamente, à Câmara Municipal de Coimbra. Como parte do terreno está inserido em área de Reserva Ecológica Nacional (REN), a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro (CCDR-C) também terá que emitir parecer sobre o projecto.

O terreno em causa tem uma extensão de cerca de 60 hectares, o que, de acordo com o vereador do Desporto, Luís Providência, permitirá a construção de um campo de golfe de 18 buracos, tornando-o "interessante do ponto de vista turístico", defendeu. Outras das particularidades deste empreendimento é o facto de o campo estar projectado para uma zona montanhosa, o que é considerado como uma "mais-valia" pelo presidente da Câmara Municipal de Coimbra, Carlos Encarnação. "A ideia de que os campos de golfe têm que ser planos já passou à história. Se podemos ter um projecto diferenciado, juntamente com outros campos que poderão surgir, isso só pode ser positivo", defendeu, acrescentando que o golfe é algo de "fundamental" para o projecto turístico da cidade.

A localização do empreendimento foi, no entanto, o motivo das críticas formuladas pelo vereador do PCP, Gouveia Monteiro, que lembrou que a prioridade para uma zona florestar que foi destruída pelo fogo deve ser a reflorestação. "Compreendo a necessidade de Coimbra ter um campo de golfe para melhorar a sua oferta turística, mas não a qualquer preço. E neste caso, não me parece que esta seja uma área particularmente interessante", declarou.

Já Victor Baptista, do PS, justificou o voto contra alegando "falta de informação e de discussão" em torno do projecto, algo que diz ser "habitual" no actual executivo camarário. "Foi assim com as asneiras do processo Eurostadium, entretanto comprovadas pelo tribunal administrativo, foi assim também com este projecto", declarou.

O promotor deste projecto é a Fundação Maria Eduarda Vasques da Cunha D"Eça, uma entidade sediada em Lisboa e que é presidida por Maria Isabel Sousa. O PÚBLICO tentou obter mais informações sobre o empreendimento, mas a presidente da instituição preferiu não revelar para já mais dados sobre o projecto dizendo aguardar uma resposta por parte do município.

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