Início arrow NOTICIAS arrow Projecto de luxo do Príncipe Real já comprou 20 edifícios
Projecto de luxo do Príncipe Real já comprou 20 edifícios Imprimir E-mail

Público, 23.04.2008, Catarina Prelhaz

Enquanto se discute o futuro da Politécnica, Jardim Botânico e Parque Mayer, o investimento da empresa norte-americana Eastbanc no Príncipe Real, em Lisboa, soma e segue: entre negócios fechados e contratos-promessa já arrecadou cerca de 20 edifícios e está a negociar a compra de outros cinco, um investimento que apenas nesta fase já ascende a 50 milhões de euros. Ao todo, estão garantidos 40 mil m2, metade do objectivo que pretende atingir. Entre os imóveis negociados pela Eastbanc contam-se vários palacetes: o Ribeiro da Cunha, o edifício do Banco de Portugal (ambos já adquiridos) e o que acolhe a Liga dos Amigos dos Hospitais (em contrato-promessa).

Enquanto decorre o concurso de ideias lançado pela câmara para recuperar os Museus da Politécnica, o Jardim Botânico e o Parque Mayer, a Eastbanc (patrocinadora da exposição das propostas) faz o balanço dos planos para o Príncipe Real. "Tomara eu saber em que estado está o projecto", lança Catarina Lopes, a representante da Eastbanc em Portugal.

Em Outubro, esta sociedade, responsável pela reabilitação de Georgetown, uma zona antiga de Washington, submeteu a aprovação camarária um pedido de informação prévia (procedimento que pode anteceder o licenciamento de obras) relativo a três edifícios - o Palácio dos Condes do Restelo, onde a Eastbanc está sediada, o vizinho 36 da Rua da Escola Politécnica e o Palacete Anjos, que pertencia ao Banco de Portugal. "Gostaria muito de ter uma licença de construção antes de passarem dois anos, caso contrário temos problemas sérios com os investidores", explica Catarina Lopes.

Este primeiro projecto, da autoria do arquitecto Souto Moura, inclui a preservação das fachadas dos palacetes (do Anjos fica apenas a fachada e as colunas que o suportam) e, garante a Eastbanc, "o crescimento em altura é coisa que não interessa".
O plano prevê comércio nos pisos térreos e cerca de 20 apartamentos de luxo com uma média de 200 m2 de área, de tipologias T1 e T2. Para comprar um deles, haverá que desembolsar mais de um 1,2 milhões de euros ("espero vendê-los a mais de seis mil euros por m2", diz Catarina Lopes). "O nosso produto é, por assim dizer, de alta costura, obra de arte, e contratámos um arquitecto que é um verdadeiro escultor e a arte é cara", justifica a Eastbanc.

Dentro de dois anos e meio deverão começar também as obras no Palacete Faria, que alberga a Liga de Amigos dos Hospitais. Mas para isso a Eastbanc comprometeu-se a procurar e construir um novo lar, e só depois poderá intervir no edifício.

Mais atrasados estão os planos para o Ribeiro da Cunha (a Casa de Macau não está sob a mira da empresa por ser "muito cara"). A Eastbanc congratula-se com o facto de o plano de pormenor para aquele imóvel ter sido chumbado pela assembleia municipal. "Era um projecto muito volumoso e isso não fazia sentido", admite Catarina Lopes. "O problema é que por si só aquele imóvel não tem viabilidade: dá para fazer um restaurante ou um clube, mas não aguenta mais do que oito quartos e nós pagámos por ele para ser um hotel."

Assim, adianta, o que a Eastbanc propõe é "algo mais leve do que os 2500 m2 do edifício, mais 4000 de anexos". "Estamos dispostos a distribuir a construção pelo resto dos logradouros - que já adquirimos na totalidade até ao Palácio dos Condes do Restelo -, podendo até ficar circunscrita a um piso térreo sem qualquer impacto visual." O projecto inicial vai ser totalmente reformulado, mas só depois de aprovado o plano de pormenor para o Parque Mayer, Politécnica, Jardim Botânico e zona envolvente. Ainda assim, a Eastbanc conta ter um hotel de cerca de 50 quartos e não valoriza as cavalariças ou o pombal. "Está tudo destruído e não faz sentido recuperar essas infra-estruturas. Para já, o que vamos fazer é mandar limpar a mata para estacionamento privado, sem cortar as árvores, e combater as infiltrações que estão a destruir o património do palacete. Temos entre 200 e 300 mil euros só para isso."

< Anterior   Seguinte >
 
actas encontro 2022
actas encontro 2021
actas encontro 2019