Público, 16.04.2008
Podia ser uma brincadeira de mau gosto, mas não é. O presidente da Associação dos Jovens Notários (AJN), Jorge Silva, mostra-se preocupado com a pressão que se está a exercer sobre a informatização das certidões do registo predial e conta que isso já levou vários profissionais da classe a detectar erros graves em certidões informatizadas.
"Com a pressa de se informatizarem os registos, muitas vezes feitos em livros com mais de 100 anos, cometem-se erros graves. Já desapareceram hipotecas sobre prédios, desapareceram proprietários de imóveis, ou surgiram enganos sobre o estado civil dos titulares do prédio", afirma Jorge Silva.
Os erros podem ficar caros aos cidadãos e o presidente da AJN
questiona-se sobre quem pagará estas incorrecções. "Será que o
Ministério da Justiça assume os prejuízos?", pergunta. É o caso de
alguém que vai comprar uma casa que está hipotecada a um banco, por
exemplo, mas em que na certidão essa garantia não consta. O cidadão
compra o imóvel convicto de que está a adquirir uma casa que não tem
encargos sobre si, mas descobre depois que afinal existe uma hipoteca
feita a favor de um banco.
Neste momento, o responsável pelo Instituto das Tecnologias de Informação de Justiça (ITIJ), que lide-
ra todas as reformas no sector, é um licenciado em Direito que até 15
de Março foi adjunto do gabinete do secretário de Estado da Justiça,
João Tiago Silveira. Luís Goes Pinheiro foi nomeado a 5 de Março e do
seu currículo consta uma passagem entre Fevereiro de 2004 e Fevereiro
de 2005 pelo gabinete de auditoria e modernização do Ministério da
Justiça. Com um vasto currículo em reformas legislativas, não possui
contudo referências na área informática.
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